Ser pai ou mãe de adolescente não é tarefa fácil. Eles são contestadores, quebram regras… nada mais daquela criança dócil que você criou, não é? Tem até quem os chame de “aborrecentes”. (Aliás, já começo com uma dica extra: não o chame de “aborrecente”, ou pode ser que ele se torne exatamente isso.) Lembre-se que ser adolescente também não é fácil, com todas as mudanças, físicas e hormonais, todas as situações novas com as quais vão se deparar e, na maioria das vezes, não fazem ideia de como enfrentar.
Parece que algumas pessoas se esquecem de como é ser adolescente, talvez porque realmente querem esquecer, de tão difícil que foi, ou talvez porque, quando chegaram na fase adulta, pensaram que não era tão importante assim. Seja qual for o seu motivo, tente se colocar no lugar do adolescente. Acontece que essa fase pode deixar marcas profundas na personalidade das pessoas e nas relações familiares, para o bem ou para o mal.
Às vezes, pode parecer que o adolescente está fazendo tempestade em copo d’água, mas, na verdade, ele sente tudo de forma mais intensa mesmo e isso não quer dizer que não seja real. Não o mande “largar pra lá”, quando ele estiver triste por algum motivo. Ou ele pode sentir que não é valorizado e que não tem apoio, afetando sua autoestima.
Não cobre dele perfeição, sendo que você também não é perfeito. Aliás, ele está cansado de saber que você não é e por isso mesmo passou a buscar outras referências. Quanto mais você fingir ser algo que não é, mais ele vai se afastar de você e pode usar da mesma tática e fingir ser perfeito na sua frente, enquanto por trás, continua aprontando. Ao invés disso, peça a ajuda dele quando tiver que resolver algum problema e valorize suas ideias. Talvez ele também te peça ajuda quando precisar.
Não bata de frente, sendo intransigente. O adolescente não vai mais aceitar um “porque eu tô mandando” ou “porque eu sou seu pai”. Agora é a hora de explicar os motivos das suas regras e limites, solidificar os valores construídos na infância. Saiba argumentar e tente convencê-lo, mostrando porquê do seu jeito é melhor. Mas também escute suas razões e saiba onde ceder. Afinal, o adulto da relação é você, espera-se mais controle emocional de um adulto e, num cabo de guerra com o adolescente, todos saem perdendo. Lembre-se que a melhor forma de ensinar respeito é respeitando.
Não é sempre que o adolescente está disposto a falar de si ou sabe como fazê-lo, o que pode angustiar muito os pais. E quando o fazem, costumam procurar mais os amigos. Então, quando o adolescente te procurar para conversar, saiba que ele o faz porque realmente considera o que você tem a dizer, então vale a pena aproveitar, ouvir mais que falar, mas sem nunca deixar uma pergunta sem resposta, por mais que seja constrangedor ou exponha algum de seus defeitos. Afinal, se ele não ficar satisfeito com a resposta, vai busca-la em outro lugar. E nada de dar sermão ou deixar a conversa pra depois, pois o imediatismo está muito presente nessa fase e você pode perder a oportunidade. É claro que, com apenas essas dicas, não resolvemos todas as questões que se apresentam na criação de um adolescente. Mas não seria possível, num breve artigo, esgotar os assuntos de uma fase tão complexa e instigante. Apenas saiba que é possível que vocês passem por ela aproveitando muito e consigam construir um vínculo muito mais forte para a vida inteira.