Olá, meu nome é Natália Tavares, sou psicóloga perinatal, ou seja, a gestação e o puerpério são o foco do meu trabalho. Estou aqui para falar com vocês sobre a importância do cuidado com a saúde emocional das gestantes e das mães no pós- parto.
A psicologia perinatal é uma área em expansão com o olhar voltado para o ciclo gravídico-puerperal atendendo às necessidades emocionais das mulheres, seus bebês e da família. Os temas mais comuns trabalhados por uma psicóloga perinatal são: Depressão e ansiedade durante e depois da gestação, medo do parto, partos traumáticos, luto perinatal, problemas de fertilidade, construção de novos papéis, entre outros. Ou seja, abrange as questões que vão desde a pré-concepção, passando pela gestação e o puerpério (que é o pós-parto).
A maternidade ainda é romantizada. A gestação, o parto, o enxoval são os temas mais presentes e pouco se fala sobre o puerpério, que são os primeiros dias após o parto. São muitas emoções envolvidas: o alívio ao ver o filho saudável, tranquilidade por ter “sobrevivido” ao parto, dificuldades com a amamentação, dores, insegurança com os cuidados, a privação do sono, entre tantos outros. Essa fase de adaptação exige muito da mulher, do casal, sendo que os recursos emocionais e psíquicos envolvidos podem influenciar de forma positiva ou negativa na adaptação e é esse o foco do nosso trabalho.
A necessidade do acompanhamento psicológico é muito subjetiva, mas procurar a ajuda de uma psicóloga perinatal, além de prevenir adoecimentos psíquicos e trabalhar conflitos estabelecidos durante este período tão importante, também pode fazer dessa jornada uma experiência ainda mais transformadora!
Essa fase que envolve a gestação e o puerpério é uma fase de muitas mudanças físicas e emocionais para a mulher. Durante o puerpério não é somente uma readaptação física e hormonal que acontece, existe também uma adaptação psicológica frente a uma nova realidade, a uma nova rotina que está se estabelecendo. Nesta fase, além dos sentimentos de felicidade, realização, euforia com a chegada do bebê, podem surgir também as angústias, medos, ansiedades, inseguranças, fadiga, alterações do apetite, sono, da libido, pois o pós-parto é um momento caracterizado, também, por muita demanda emocional. Muitas vezes esses sentimentos vêm acompanhados de pensamentos que não saem da cabeça da mulher, como por exemplo: culpa por não estar gostando da maternidade, culpa por achar que não está cumprindo bem o seu papel de mãe, medo de ter comportamento mais impulsivo ou agressivo com o bebê, a sensação de estar sobrecarregada, com vontade de sumir, de morrer, etc.
Os tipos mais comuns de adoecimentos são: transtornos de ansiedade, baby blues ou tristeza materna, a depressão perinatal e a psicose puerperal (que já é um caso mais grave). Vou falar sobre os mais conhecidos, o baby blues e a depressão pós parto.
O Baby Blues é caracterizado por uma tristeza, uma alteração de humor rápida, crise de choro, a mulher fica muito emotiva. Ele surge em torno do 3º dia após o parto e dura mais ou menos 2 semanas. Os estudos dizem que cerca de 50 a 80% das mulheres passam por esta fase. Ele é uma forma mais leve de distúrbios de humor do pós-parto. A mulher não precisa tomar nenhuma medicação, o tratamento para o blues é muito simples: é informação, compreensão, não julgar, é incentivar e dar apoio para essa mulher.
Uma coisa importante que precisamos destacar é que o Baby blues não evolui para uma depressão pós-parto, eles são coisas diferentes. Ele é passageiro, causado pelas alterações hormonais que a mulher sofre no pós-parto e como eu já falei, não precisa de nenhum tratamento, já a depressão necessita de avaliação médica e psicológica.
A depressão perinatal é um episódio que ocorre nas primeiras 4 semanas após o parto ou ainda na gestação, por isso não falamos mais em depressão pós-parto pois muitos casos surgiram desde a gestação. O que se observa neste período é um choro excessivo, perda de interesse ou prazer nas atividades, alterações de apetite, peso, sono, diminuição de energia, sentimentos de culpa, em casos mais graves a puérpera apresenta ideação suicida, tentativa ou o próprio suicídio.
Ela pode dificultar o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê, isso pode futuramente interferir tanto no desenvolvimento quanto nas relações interpessoais dessa criança. Outra informação importante é que depressão perinatal não está relacionada a rejeição ao bebê, o que se percebe é uma rejeição à maternidade, a uma série de frustrações com as questões que envolvem seu relacionamento com o externo, com o outro, com a vivência da maternagem e da maternidade.
É muito importante que a mulher busque informações sobre os processos da gestação, da maternidade e invista em seu autoconhecimento para que se tenha um impacto não só remediativo como também preventivo evitando não só a depressão, mas também que seus sintomas não se intensifiquem. Ciente dos fatores que envolvem a depressão perinatal é válido utilizar instrumentos que possam atuar na prevenção dos adoecimentos, como é o caso da psicoterapia e do Pré-Natal Psicológico.
Ter um bebê, planejado ou não, é uma viagem transformadora e inesquecível! Meu papel é estar ao seu lado, acolhendo e ajudando com a montanha-russa emocional. Vamos juntas?